Educação Ambiental é uma das ações para combater Tráfico de Animais Silvestres
Categoria: Acadêmicos, Bem-Estar Animal, médicos veterinários, SOS Animais Silvestres, tráfico de animais silvestres | Publicado em: 17/12/2020Papagaios filhotes são os principais animais contrabandeados em MS
“O tráfico de animais silvestres traz graves consequências para a saúde pública e para o meio ambiente”, afirma estagiária do CRMV-MS, Beatriz dos Santos Gudi. Sendo assim, a acadêmica de Medicina Veterinária apresentou seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre: “Perfil do Tráfico e do Traficante de fauna silvestre de Mato Grosso do Sul.
Segundo dados apresentados, o Brasil tem participação significativa na cadeia do tráfico de animais silvestres no mundo. Cerca de 10 a 15% do valor financeiro movimentado anualmente pelo comércio ilícito de animais no mundo é gerado pela retirada de animais da fauna brasileira, que ano após ano vem perdendo seus recursos naturais e aumentando o número de espécies presentes na lista nacional de animais ameaçados de extinção.
Porém, os animais não são os únicos ameaçados pelo tráfico, uma vez que parte dos patógenos que atingem a fauna silvestre podem ter caráter zoonótico, se tornando assim uma ameaça à saúde pública, por fragilizar o fator ambiental e animal, que são componentes da tríade: humano, ambiente e animal, onde é fundamentado o conceito de One Health (Saúde Única), que busca o equilíbrio entre a saúde ambiental, animal e humana para melhor qualidade de vida no planeta.
Portanto, combater o tráfico de animais silvestres no Brasil, é de suma importância também para manter a sanidade humana. Sabe-se que as regiões brasileiras onde há mais captura de animais para fins ilícitos, são as regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, definir o perfil do tráfico dentro de cada região é importante para realizar esse combate de maneira mais assertiva.
Beatriz realizou uma análise descritiva de ocorrências de tráfico de animais silvestres abordadas pela Policia Militar Ambiental de Mato Grosso Sul (PMA-MS), entre os anos de 2015 a 2019, afim de descrever o perfil do tráfico de animais silvestres e dos traficantes desses animais no estado de Mato Grosso do Sul (MS), que compõe uma das regiões brasileiras que mais extrai animais da natureza, o Centro-Oeste.
Os resultados obtidos indicam como perfil do tráfico no MS: o contrabando de papagaios filhotes entre os meses setembro, outubro e novembro. Com apreensão realizada em trânsito e domicilio, com uma média de 2,6 ocorrências por ano, nos municípios de Novo Horizonte do Sul, Ivinhema e Bataguassu. Como perfil do traficante, foi observado em maior prevalência, pessoas do gênero masculino, com idade entre 20 a 58 anos, com profissão associada ao meio rural, construção civil e transporte, estado civil como convivente, brasileiros, e residentes dos municípios de São Paulo, Ivinhema e Novo Horizonte do Sul, também apresentaram recorrência no tráfico de animais silvestres, e com associações com outros crimes.
“Estabelecer estes perfis, traçados neste estudo, é importante para entender a cadeia social deste crime ambiental, para direcionar com mais assertividade as ações de combate ao tráfico de fauna silvestre, como o treinamento de equipes de resgate, época do ano de maior alerta e o perfil de pessoas que precisam ser conscientizadas sobre questões do meio ambiente”, avaliou a acadêmica.
Com os resultados obtidos conclui-se que, é importante estabelecer o perfil do tráfico e do traficante do Mato Grosso do Sul, para agrupar características que ajudem a estabelecer o público mais suscetível a esta prática ilegal. E também para difundir práticas de educação ambiental, por meio da saúde pública veterinária, tanto na capital, quanto no interior do estado.
Buscando instruir crianças e adultos, por meio de ações nas escolas e em mídias sociais, como por exemplo, rádio e televisão, sobre as problemáticas do tráfico de animais silvestres para a saúde pública e para o meio ambiente. Além de mostrar de maneira prática, como o médico veterinário participa desse processo, afim de estabelecer entre a população brasileira um conceito mais concreto de One Health, para que possamos nos reconhecer como uma parte importante e equivalente para o bom funcionamento do organismo que conhecemos como Terra.
“O tráfico de animais silvestres e outras questões ambientais precisam ser mais comentadas e discutidas, não apenas no meio acadêmico, mas principalmente meios mais populares de comunicação, é preciso compreender desde a base de ensino a importância do equilíbrio entre natureza, animal e seres humanos. Já estamos sentindo na pele a negligência do homem com a natureza, com a COVID-19, que segundo estudos já existia a tempos em faunas de animais silvestres, e que recentemente tornou-se esse problema de saúde pública mundial, ainda em combate. Portanto, precisamos agir, dentro do nosso papel de médicos veterinários em prol da educação ambiental e saúde única, tanto para reparar os erros do passado, quanto para prevenir problemas no futuro”, finalizou.
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