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Dia Mundial Contra a Raiva: 28 de setembro

Categoria: Notícias | Publicado em: 27/09/2019

Há mais de 10 anos a Organização Não Governamental (ONG) Global Alliance for Rabies Control (GARC – http://rabiesalliance.org) promove no dia 28 de setembro o Dia Mundial Contra a Raiva, dia escolhido por ser o aniversário de morte do célebre pesquisador Louis Pasteur, que entre tantas contribuições à ciência desenvolveu a primeira vacina antirrábica. A ONG atua principalmente com projetos e ações nos continentes africano e asiático, onde ocorre a maioria dos casos de raiva em humanos, principalmente por agressão canina. Estima-se que 70.000 pessoas morrem de raiva anualmente e no 28 de setembro a GARC faz um chamado para que outros países se envolvam e promovamações de educação em saúde sobre a raiva. Em 2019 o tema central da campanha é, em tradução livre, “Raiva: vacinar para eliminar” – Rabies: vaccinate to eliminate. E pensar que a raiva é uma enfermidade viral 100% prevenível através de vacinação, 100% letal e uma das mais negligenciadas!

No Brasil tivemos uma grande evolução em relação ao controle da raiva urbana, com a implantação das campanhas anuais de vacinação a partirda década de 1970. A vacinação em massa de cães e gatos foi praticamente a única medida adotada no país para controle da raiva urbana e prevenção à raiva humana, até então transmitida principalmente pela mordedura de cães. Apesar da drástica diminuição da incidência de raiva, infelizmente ainda não erradicamos a raiva humana, que persiste em áreas vulneráveis como na região Nordeste ou na fronteira com a Bolívia. Estes casos deixam clara a situação de negligência em relação à vacinação de cães e gatos. E como aconteceu isso? Com o passar dos anos a incidência de raiva canina e humana foi diminuindo, de modo que atualmente “pouco se ouve falar” de raiva em ambiente urbano. Com a diminuição da incidência veio também a diminuição da preocupação com a doença e o “esquecimento” da importância da vacinação anual, a exemplo do que tem acontecido com outras doenças como influenza, sarampo, rubéola e caxumba. Esta falta de preocupação ou, ainda, o movimento anti-vacina, fazem com que as doenças até então controladas / eliminadas se tornem reemergentes e anos de trabalho e investimento público em prevenção venham por água abaixo.

Na nossa realidade atual, o mecanismo de transmissão mais importante para pessoas não é mais o ciclo cão-homem, mas sim outros perfis epidemiológicos envolvendo morcegos hematófagos e não hematófagos, animais silvestres e o ainda tão presente ciclo rural, com a raiva dos herbívoros. Várias cidades do Brasil estão passando pelo processo de urbanização desordenada, acarretando elevado impacto ambiental, e ainda a verticalização, com as cidades crescendo para o alto. E onde os morcegos não hematófagos, que vivem nas cidades (e são tão importantes para o ecossistema no controle de insetos, polinização e veiculação de sementes), vão construir suas colônias? Em vãos de dilatação de prédios, em saídas de ar, em construções abandonadas, em ocos das poucas árvores que sobraram. Não se trata de radicalismo ecológico e sim de compreensão do mundo atual: menos áreas verdes, mais prédios. Mais prédios, mais gatos (por serem mais adaptáveis a este ambiente, mas se aplica a cães também). Mais gatos em apartamento, mais janelas abertas. Mais morcegos não hematófagos entrando pela janela e, acidentalmente, transmitindo a raiva para os pets – que agridem seus proprietários… Esta pequena história explica um pouco da manutenção da raiva urbana no Brasil, pois existem variantes do vírus rábico adaptadas a morcegos não hematófagos e estes, ao acidentalmente agredirem ou serem agredidos por outros mamíferos, perpetuam o ciclo. Quando associado à decrescente cobertura vacinal de cães e gatos, maior ainda o risco de transmissão e manutenção da doença.

Apesar de não termos à disposição mecanismos mais eficientes para controle da raiva em morcegos não hematófagos, a vigilância ativa e o monitoramento de colônias é fundamental para as ações de saúde pública, seja intensificação da vacinação focal e perifocal, seja educação em saúde nas áreas vulneráveis. Quanto à vigilância passiva, a população deve ser instruída a acionar o serviço de vigilância (CCZ ou vigilância sanitária) caso encontre morcegos em suas propriedades, sobretudo morcegos sintomáticos (que voam durante o dia ou estão desorientados ou mortos), e jamais realizar a captura sem os devidos cuidados. Em casos de acidente, a pessoa deve imediatamente lavar o local com água e sabão em abundância e em seguida se dirigir ao serviço de saúde para que as medidas de vacinação pós-exposicional sejam tomadas, evitando assim mais óbitos humanos.

Veja que o controle da raiva é simples, basta vacinar adequadamente os animais, manter a vigilância ativa e passiva, realizar a educação em saúde e instruir as pessoas sobre o que fazer caso encontrem animais suspeitos e caso sejam agredidas. Muito simples. E tão negligenciado. ‘Não é porque não vemos que a doença não existe’. Todos temos que fazer a nossa parte e prevenir pois em muitas situações realmente não há remédio. E você, o que vai fazer neste 28 de setembro?

Por Juliana Arena Galhardo – CRMV-MS 4626

Comissão de Meio Ambiente / CRMV-MS


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