Estudantes de Medicina Veterinária da USP listam as principais plantas tóxicas para animais
Categoria: Notícias | Publicado em: 08/11/2016Sem que donos percebam, os animais de estimação podem engolir algo que não seja saudável como lixo, produtos de limpeza, remédios e plantas. Os sinais de que alguma coisa está errada sempre aparecem: vômitos, diarreias, dificuldades de andar e letargia. Muitas pessoas desconhecem informações sobre o perigo de consumo de substâncias e produtos nocivos aos pets, que, em algumas situações, pode ser fatal.
Preocupados com a questão, estudantes de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP), realizaram de outubro a novembro de 2015 uma pesquisa com cerca de 45 Médicos Veterinários de diversas clínicas da cidade de São Paulo (SP) sobre a Toxidade das Plantas para Animais.
O estudo, coordenado pela médica veterinária e professora da USP Silvana Gorniak, culminou em uma lista das plantas em ordem alfabética pelo nome popular, com seus respectivos nomes científicos e os sintomas da toxicidade. Silvana Gorniak é representante titular do CFMV na Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde do Ministério da Educação (MEC) e na Comissão InterSetorial de Vigilância Sanitária e Farmacoepidemiologia do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
De acordo com os resultados da pesquisa, a Dieffenbachia sp, a popular comigo-ninguém-pode, é a primeira da lista em consumo entre cães e gatos. A beleza de suas folhas esconde a toxidade da planta. Os estudos mostram que seu consumo provoca irritação e edema na boca, língua, glote e cordas vocais causando dificuldade para deglutir, além de distúrbios gastrointestinais e renais. A situação, se não tratada em tempo, pode levar à morte do animal.
Os estudantes de Medicina Veterinária responsáveis pelo estudo sugerem atenção redobrada aos donos dos pets em relação aos tipos de plantas que têm em casa e nas redondezas, pois, de acordo com eles, existem muitas outras, além das identificadas na pesquisa que podem causar danos aos pets. O ideal é tirá-las do alcance dos animais e prestar atenção ao passear com o cão em ambientes externos. Nos casos menos graves, especialistas explicam que o próprio organismo se encarrega de eliminar o corpo estranho, pelas fezes ou por vômito, sem causar danos à saúde canina. Em episódios mais graves, é aconselhado a levar o animal, com amostra da planta ingerida, imediatamente ao médico veterinário.
Para explicar melhor o perigo do consumo dessas plantas e a importância da pesquisa para os profissionais e a sociedade, a Assessoria de Comunicação do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) conversou com a professora e coordenadora do estudo, Dra Silvana Gorniak.
Ascom/CFMV – Como surgiu a ideia da pesquisa?
Silvana Gorniak – Há alguns anos tínhamos uma disciplina optativa sobre intoxicação na alimentação animal, na qual os alunos realizavam entrevistas com veterinários de pequenos animais. Foi-se verificado que muitos veterinários não fechavam diagnóstico de intoxicação por plantas, pois os donos não sabiam dizer se os animais tiveram contato ou tinham ingerido plantas ornamentais. As pessoas não sabiam sequer que essas plantas poderiam ser toxicas. Anos depois, numa visita em uma clínica pet, nos Estados Unidos, percebi na sala de espera alguns proprietários lendo atentamente um cartaz. A publicação se tratava justamente de uma lista com fotos algumas plantas ornamentais tóxicas para o animal de estimação. Assim, surgiu a ideia de fazer algo semelhante aqui no Brasil, tendo como objetivo a confecção de cartazes com informações sobre a toxidade das plantas, a serem distribuídas em clinicas de pequenos animais, na cidade de São Paulo. Quatro grupos apresentaram o trabalho numa "banca examinadora", composta por profissionais da empresa e clínicos de pequenos animais. Foi escolhido um dos trabalhos apresentados pelas equipes.
Ascom/CFMV – Já havia sido feito algum levantamento semelhante? Qual é a importância desse tipo de pesquisa para os donos de animais de companhia?
Silvana Gorniak – Fizemos no passado um levantamento, mas com outro propósito, mais geral de intoxicação na alimentação e não somente em clinicas de pequenos animais. Até o momento, desconheço outro trabalho aqui no Brasil com este objetivo.
Ascom/CFMV – Quais são os principais sintomas da intoxicação por plantas?
Silvana Gorniak – A intoxicação varia muito, conforme a planta tóxica. Nesse sentido, há plantas como a comigo-ninguém pode, que promove grave processo inflamatório na boca e esôfago, podendo causar morte do animal por asfixia (edema de glote); plantas que causam sintomatologia nervosa, como a maconha; plantas que são cardiotóxicas, como a Nerium Oleander, que a ingestão de pequenas quantidades de suas folhas pode causar parada cardíaca e morte e outras tantas plantas como a azaléa ou o olho de cabra (esta última muito tóxica), que causam distúrbios no trato gastrintestinal, de brando a muito grave.
Ascom/CFMV – Quais são os principais riscos dessa intoxicação e do tratamento sem acompanhamento do médico veterinário?
Silvana Gorniak – Dependendo da intoxicação (por exemplo a comigo-ninguém-pode), pode causar a morte do animal em pouco tempo, somente o pronto atendimento, empregando a medicação correta, antihistaminicos injetável, entre outros medicamentos, para reverter a sintomatologia da intoxicação e evitar a morte
Ascom/CFMV – Qual é a importância dessa experiência para os estudantes, em termos de formação profissional?
Silvana Gorniak – É um problema real e a possibilidade de poder colaborar na solução; portanto, motivou os estudantes muito no aprendizado, pois verificam na prática a necessidade de conhecer para poder resolver e muitas vezes impedir a morte do animal. Além de sentirem que este trabalho contribuiu diretamente com a sociedade, propiciou a possibilidade de conhecerem a atividade profissional do médico veterinário em uma indústria farmacêutica. De fato, foi também uma experiência rica para eles, pois alguns dos nossos alunos, depois de tomarem conhecimento sobre o papel do veterinário nesta atividade, nos solicitaram realizar estágio, vislumbrando uma outra possibilidade de atuação profissional
Confira a lista das plantas e suas toxidades aqui.
Fonte: CFMV
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