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Dia do Zootecnista: CRMV-MS entrevista Coordenadora da Comissão Estadual de Ensino da Zootecnia

Categoria: Notícias | Publicado em: 05/12/2016

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mato Grosso do Sul tem hoje mais de 21 milhões de cabeças de gado, tornando-se a quarta maior produtora de carne bovina do Brasil.

O zootecnista contribui para o avanço do setor agropecuário na produção animal e está presente na criação, manejo e melhoria genética dos rebanhos brasileiros. Com dedicação, pesquisas e uso de novas tecnologias, o profissional torna possível o aumento da produtividade, garantindo o bem-estar animal e a sustentabilidade no campo.

Para enaltecer a importância do Zootecnista, que tem sua data comemorativa no próximo dia 13, o Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul (CRMV/MS) entrevistou a zootecnista Luísa Melville Paiva, Conselheira do CRMV/MS e Coordenadora da Comissão Estadual de Ensino de Zootecnia.

 

Como é a graduação em Zootecnia?

Luísa Melville Paiva: Durante seu período de graduação, os cursos de Zootecnia objetivam formar profissionais com amplo conhecimento teórico e prático em nutrição, alimentação, melhoramento genético, sistemas de produção e manejo de animais e plantas forrageiras de interesse zootécnico.

Forma uma sólida base de conhecimentos para que o futuro profissional Zootecnista tenha condições de empregar tecnologias adequadas, melhorando a produtividade e a rentabilidade dos rebanhos segundo diretrizes sustentáveis.

Desde meados do século XIX foi entendida a sua existência, com a necessidade de uma formação específica para tratar dessas questões de forma mais minuciosa, com a demanda pelo desenvolvimento dessa ciência para a promoção do desenvolvimento da produção animal, tão necessária, tradicional e relevante à cultura de todos os povos.

A zootecnia, bem realizada, traz o ser humano ao seu papel de gestor das relações ecossistêmicas, não destrutivo, mas construtivo, coerente com as premissas do desenvolvimento sustentável, preocupado com as gerações futuras tanto quanto com o presente.

Para isso, o estudante em zootecnia é preparado para conhecer os animais, o ambiente em que vivem, suas potencialidades, como estabelecer meios eficientes de produção animal nos diversos meios e sistemas de produção, como administrar os sistemas de produção animal para implantá-los ou mantê-los ambientalmente corretos, economicamente viáveis e rentáveis, socialmente justos e geograficamente estabelecidos.

O estudante, após estabelecida sua base conceitual, irá estudar disciplinas relacionadas à nutrição e alimentação; melhoramento genético; manejo de solos para formação, manutenção e uso racional de pastagens e forrageiras; manejo sanitário e reprodutivo; administração e economia rural; estudo de agronegócios; sistemas de produção; e, produção específica de algumas espécies animais, tradicionalmente bovinos, ovinos, aves, suínos, equídeos e peixes, mas outras em concordância com o perfil profissional regional ou institucional, como animais silvestres, estrutiocultura, cunicultura, caprinocultura, bubalinocultura, caninos, felinos, aves exóticas, entre outras.

 

Qual a área de atuação do zootecnista?

Luísa Melville Paiva: Zootecnistas são profissionais responsáveis pelo estudo e controle do aprimoramento genético, nutrição e manejo de animais criados com fins comerciais, que visam aumentar a produção, melhorar a qualidade dos produtos de origem animal, incrementar a produtividade e a rentabilidade dos rebanhos.

Realizam trabalho com alimentação e pesquisam formas de garantir as condições de higiene e de prevenir e combater doenças e parasitas, para melhorar a saúde dos rebanhos e a qualidade dos produtos derivados, bem como técnicas de manejo reprodutivo que tornem os sistemas mais rentáveis e produtivos.

Trabalham em empresas de produção de ração e de insumos para a produção animal; escritórios de consultoria ou diretamente no planejamento administração de propriedades rurais, como fazendas, haras, granjas; como agentes de desenvolvimento rural em órgãos públicos; em empresas e instituições de pesquisa, extensão e ensino de Zootecnia e das áreas afins; laboratórios de biotecnologias e genética zootécnica; enfim, em uma diversidade de empreendimentos e ambientes de trabalho cuja finalidade seja a promoção e o desenvolvimento da produção animal e dos produtos de origem animal.

O Zootecnista tem como principais funções:

– Zelar pela criação de animais para abate, como bovinos, suínos, aves, ovinos, peixes, aplicando técnicas de criação, de aprimoramento e de melhoramentos genéticos, e manejo das raças para o consumo humano;

– Administrar e planejar economia rural de modo a organizar a criação de animais numa propriedade rural, com o objetivo de aumentar a produtividade, melhorando a qualidade e garantindo a sanidade dos rebanhos;

– Assessorar e executar programas de controle sanitário, higiene, profilaxia animal e de biosseguridade;

– Responder pela formulação, fabricação e controle de qualidade das dietas e rações para animais;

– Administrar propriedades rurais, estabelecimentos industriais e comerciais ligados à produção animal;

– Desenvolver trabalhos de pesquisa adotando conhecimentos e métodos científicos;

– Atuar no ensino público ou privado;

– Atuar na extensão rural, fomentando a produção e a produtividade agropecuária;

– Planejar e executar projetos de construções rurais;

– Desenvolver, processar, avaliar, rastrear, classificar e tipificar carcaças de animais, produtos, coprodutos e derivados de origem animal em todos os seus estágios de produção;

– Responder por programas oficiais e privados em instituições financeiras e de fomento a agropecuária, elaborando projetos, avaliando propostas, realizando perícias e consultas.

 

Como é o mercado de trabalho atual?

Luísa Melville Paiva: Apesar de ser considerado um país industrializado e de forte impacto nesse setor, o Brasil ocupa um dos primeiros lugares em produção agrícola e pecuária no mercado internacional. Isso movimenta milhões em recursos relacionados direta ou indiretamente à produção animal, especialmente no mercado de rações e de insumos de interesse zootécnico, que busquem o incremento da produção animal.

Apenas a pecuária bovina, representa mais de 5% no PIB brasileiro e cerca de 20% das exportações no agronegócio nacional, o que é extremamente significativo.

Apesar desse quadro, por sua extensão e diversidade territorial e sociocultural, ainda há muito que se trabalhar para a elevação dos índices zootécnicos no país, com melhoria da produtividade e rentabilidade associadas a manutenção da qualidade ambiental pelo uso mais eficiente de técnicas de produção e manejo. Nosso país ainda é conhecido, também, por seu baixo desempenho e mau uso de recursos. Isso abre o mercado para a entrada desse profissional que atuará buscando essas melhorias.

 

Qual a importância do zootecnista para o agronegócio e para a sociedade de MS?

Luísa Melville Paiva: Sendo o profissional responsável pelo desenvolvimento das atividades-base da produção animal e dos produtos de origem animal, o Zootecnista é fundamental para a decolagem do agronegócio brasileiro e, muito especialmente, para o Mato Grosso do Sul. Isto porque seu preparo o habilita a entender o mercado, sua dinâmica e demanda por produtos os quais ele se desempenhará a produzir com eficiência e rentabilidade. Essa eficiência e rentabilidade, na verdade, farão com que a atividade se estabeleça considerando todas as principais premissas do desenvolvimento sustentável, principalmente a espacial, que é a menos compreendida conceitualmente. Ora, se uma atividade é rentável economicamente, é praticada de forma equilibrada com o meio ambiente, possibilitando sua recuperação e manutenção, respeita os hábitos culturais regionais e prima pela justiça social, ela tende a se manter territorialmente, promovendo, no caso, o desenvolvimento das pessoas que estão fixadas naquela área. Isso fará com que o agronegócio se fortaleça e promoverá o desenvolvimento da sociedade sulmatogrossense tanto de forma direta, com a geração de qualidade de vida, quanto indireta, através do fortalecimento de sua base cultural.

 

Desde que se formou até hoje, quais mudanças na profissão a senhora tem percebido?

Luísa Melville Paiva: Ano que vem faço 30 anos de formada. Posso dizer então, que desses 50 anos da Zootecnia no Brasil, faço parte de 34, considerando os quatro anos de faculdade. É muito tempo. É muita luta, o que pode ser considerado normal, consideradas as potencialidades que descrevi nas respostas anteriores. Mas, certamente, muito mudou.

Posso dizer que, nesses trinta anos trabalhando na área, sempre tive meu espaço reconhecido, respeitado. Foi fácil? Não. Até porque, antes de ser Zootecnista, sou mulher e sempre trabalhei com bovinos. Mas não é fácil para ninguém que estabeleça objetivos em sua vida, pois na contramão de seus objetivos pessoais está a demanda dinâmica do mundo, que a cada um de nós delimita caminhos. Havendo a possibilidade do livre-arbítrio, a cada um de nós é possível manter seus objetivos ou alterá-los, de acordo com essa demanda. Minhas escolhas puderam ser estabelecidas de acordo com meu objetivo. O que isso representa? Que com trinta anos de estrada, posso dizer com orgulho que sou Zootecnista e que trabalho sendo feliz, mas nunca que isso tenha sido ou ainda seja fácil.

Mas hoje, estando do lado que forma profissionais, vejo que temos a oportunidade de formar Zootecnistas com uma visão mais clara e objetiva, determinados a praticar… Zootecnia!

Temos ainda a concorrência de profissões que trabalham ou podem trabalhar com produção animal. Mas compreendemos cada vez mais, e o mercado também, que a ciência Zootecnia tem meandros específicos estudados nos cursos de Zootecnia.

Lá em 1968, o prof. Otávio Domingues, então presidente da Sociedade Brasileira de Zootecnia, relatava no processo de regulamentação da profissão que: “A criação de um Curso ou Escola de Zootecnia, desmembrando-o das Escolas de Agronomia e Veterinária, é um fato natural decorrente do progresso e do tremendo desenvolvimento porque está passando a ciência zootécnica mesma.”

Hoje, dada a expansão e as potencialidades do mercado pecuário em todas as espécies animais, e as conquistas dos Zootecnistas nesse mercado, entendemos o quanto esse professor foi assertivo em suas considerações e luta para a criação e o respeito da profissão.

Ainda não é fácil, e nunca será. Mas sempre será gratificante ser Zootecnista neste mercado em expansão.

 

Luísa Melville Paiva, CRMV-MS nº 174, formou-se em Zootecnia em 1987 pela Universidade Federal de Lavras. É coordenadora do curso de zootecnia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e desde janeiro deste ano é Conselheira do CRMV/MS e Coordenadora da Comissão Estadual de Ensino de Zootecnia.

                           


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