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Dia Mundial do Meio Ambiente lembra que ainda estamos longe do desenvolvimento sustentável

Categoria: Campanhas CFMV, CEMA, Curiosidades, Destaques, Meio Ambiente, Notícias | Publicado em: 05/06/2020

O Dia Mundial do Meio Ambiente é comemorado anualmente, em 5 de junho, por coincidir com a data de realização da Conferência de Estocolmo, em 1972.  Na ocasião, teve início uma mudança no modo de se ver e tratar as questões ambientais ao redor do mundo, além de serem estabelecidos princípios para orientar a política ambiental do planeta.

A professora-doutora e médica-veterinária Elma Pereira dos Santos Polegato faz um alerta. “São muitos os problemas que afetam o meio ambiente. A atual Agenda Ambiental Mundial estabelece até 2030 para que os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) sejam alcançados por meio do cumprimento das 169 metas elaboradas e pactuadas pelos estados-membros das Nações Unidas. Ocorre que já é o quinto aniversário da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, mas ainda não há dados suficientes para rastrear a dimensão ambiental dos ODS, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma)”, afirma.

Polegato registra também que “o ponto-chave é que não se pode mais ignorar que o ser humano já vem sofrendo as consequências de todas as destruições ambientais, como aquecimento global, enchentes, secas, tsunamis, poluição, desmatamento, incêndios florestais, extinção de espécies, doenças emergentes e reemergentes, dentre outras cometidas por ele em nome do ‘desenvolvimento’”, defende.

A médica-veterinária comenta que, no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o ano de 2020 é considerado decisivo para a biodiversidade e as emergências climáticas, em que os principais encontros internacionais definiriam o tom e a agenda da ação ambiental para a próxima década. “Entretanto, tais definições ficaram comprometidas por mais um alarme que a Natureza enviou à humanidade, com a ocorrência, num curto espaço de tempo, da pandemia da covid-19 que o planeta enfrenta”, comenta Polegato.

No entanto, ela destaca que não foi a Natureza que criou o monstro do novo coronavírus e, sim, a falta de respeito com ela, a partir do uso insustentável dos recursos naturais, a destruição da vida selvagem e a crise climática desencadeada pelas atividades humanas. “Vários alertas foram emitidos. Como exemplos recentes, temos o ebola, a gripe aviária, a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), o vírus Nipah, a febre do Vale Rift, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), a febre do Nilo Ocidental e o zika vírus, todos passados de animais para seres humanos, e, agora, o coronavírus. O comportamento humano faz com que essas doenças se espalhem para os seres humanos, na maioria das vezes”, detalha a médica-veterinária.

Para Polegato, esses eventos se devem ao fato de a humanidade ter sobrecarregado os sistemas naturais necessários para sua subsistência, cujas sérias consequências explicam, na prática, a atual crise ambiental, marcada pela perda de biodiversidade e de habitat, pelo aquecimento global e pela poluição tóxica, principalmente. “Ecossistemas, para existirem, abrigam grande diversidade de vida e, atualmente, há perda contínua desses espaços naturais, aproximando o homem demasiadamente de animais e plantas que abrigam doenças e, por vezes, acelerando a transmissão de patógenos para os seres humanos. É comprovado que 75% das doenças infecciosas emergentes têm origem na vida selvagem”, assinala.

Essa situação se agrava, explica a professora Polegato, com as mudanças climáticas e seus efeitos, que têm levado a inundações, desertificação, ciclones, tsunamis, queimadas e outros desastres naturais ligados ao aumento da temperatura no planeta. “Tais ocorrências favorecem o aumento de vetores e patógenos, os quais são formas de vida que mais facilmente se adaptam a essas mudanças, elevando também a possibilidade de se adequarem a novos hospedeiros, inclusive o homem”, diz.

Nesse aspecto, a urbanização também influencia a ocorrência de doenças de maneira peculiar, assinala a médica-veterinária. “Sistemas de drenagem e eliminação de resíduos inadequados fornecem condições para vetores de artrópodes, roedores e aves transmitirem patógenos. A alta densidade populacional em assentamentos periurbanos é outro fator crítico para esse contato, promovendo a disseminação de patologias infecciosas”, pontua Polegato.

A médica-veterinária também ressalta que, em termos de patologias, a biodiversidade é essencial para preservar a saúde de pessoas, animais e meio ambiente, pois a conservação da biodiversidade reduz o risco geral de transmissão de patógenos, por meio de algo conhecido como efeito de diluição. “Isso ocorre porque, em uma população de hospedeiros mistos, alguns seriam hospedeiros ‘sem saída’, não permitindo a ocorrência de infecções. Por isso, conservar a biodiversidade é uma maneira de mitigar a propagação de doenças”, destaca.

A relação da natureza interconectada de toda a vida na Terra poderia gerar “um ambicioso marco pós-2020 de biodiversidade, mas para que ele aconteça é necessário o esforço e comprometimento de cada um de nós”, afirma. “Geralmente, o ser humano se exclui do meio ambiente, mas é dele parte integrante, pois faz parte da diversidade biólogica existente e tão necessária, sendo que todas as ações humanas, sejam elas profissionais ou da vida cotidiana, repercutem no meio ambiente”, defende Polegato.

Ela registra que Medicina Veterinária e Zootecnia são profissões que devem ser inseridas e aliadas à busca da sinergia entre homem, natureza e animais, com responsabilidade sobre a sustentabilidade dos recursos naturais. “Sua atuação não deve ser descolada da sociedade em que se insere e dos recursos sobre os quais tem impacto”, diz.

Para Polegato, a contribuição da ciência veterinária para o planeta é bem-vista na pesquisa biomédica, nos programas estratégicos de proteção à saúde animal e à saúde pública, bem como nas políticas de biossegurança alimentar, que visam aumentar a oferta e a qualidade dos alimentos de origem animal. “Portanto, encontra-se numa posição única em relação ao bem-estar coletivo, pois prepara o médico-veterinário para contribuir na luta contra as duas maiores catástrofes da humanidade: a fome e a doença”, ressalta.

“Neste sentido, os profissionais da Medicina Veterinária e da Zootecnia devem refletir quanto aos compromissos profissionais assumidos, em especial, o compromisso socioambiental e sanitário e, assim, ampliar sua atuação buscando tecnologias limpas, gerenciamento e manejo correto de resíduos médicos e químicos perigosos, usar de maneira racional os recursos naturais, preservando e evitando sua contaminação e, dessa maneira, mitigar os impactos com alterações climáticas e perda da biodiversidade, dentre outros”, afirma a médica-veterinária.

Fica claro, portanto, que os seres humanos dependem, para sua própria sobrevivência, de ecossistemas estáveis ??e saudáveis, e que são necessárias ações urgentes para colocar o mundo no caminho de um futuro mais sustentável. “Falhar em agir é falhar com a humanidade e não cuidar do planeta significa não cuidar de nós mesmos. Para nos proteger das futuras ameaças globais, as soluções baseadas na preservação da Natureza oferecem a melhor maneira de alcançar o bem-estar humano, enfrentar as mudanças climáticas e proteger o planeta. As intervenções devem ser implementadas com a colaboração de várias agências inseridas no âmbito da saúde única, para que oportunidades e mudanças significativas aconteçam, mudem o cenário ambiental atual de degradação e os ODS sejam alcançados”, diz Polegato.

No Dia Mundial do Meio Ambiente, o CFMV reforça o compromisso de incentivar e orientar seus profissionais a exercer a Medicina Veterinária e a Zootecnia com o menor impacto ambiental possível, promovendo a saúde e o bem-estar único dos animais e da sociedade.

Fontes:

– Prof.ª Dra. Elma Pereira dos Santos Polegato é médica-veterinária com graduação em Administração de Empresas, mestrado em Vigilância Sanitária e doutora em Medicina Veterinária. Foi membro da Comissão Nacional de Meio Ambiente do CFMV e, atualmente, é presidente da Comissão de Saúde Ambiental do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo e ocupa a cadeira n. 20 da Academia Paulista de Medicina Veterinária-APAMVET

– Organização das Nações Unidas (ONU): https://bit.ly/2A15Yg9

– Dia Mundial do Meio Ambiente: PNUMA promove reflexões virtuais para estimular ações reais:  https://bit.ly/2Y7z3Pc

Assessoria de Comunicação do CFMV


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